O Transtorno do Espectro Autista, conhecido como TEA, é um transtorno de ordem psiquiátrica, cujos sinais podem ser percebidos nos primeiros meses de vida do bebê.
Ele engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. No entanto, o nível dessas condições é proporcional ao grau da deficiência, que também não é único.
Atualmente, o TEA está inserido em uma classificação de deficiência mental. Esse distúrbio pode afetar pessoas de todas as idades. Há indícios de que o autismo surge como consequência de uma combinação de fatores. Os mais importantes são ligados aos caracteres genéticos e a influências ambientais. Quanto aos agentes externos que acentuam o risco para o TEA destacam-se a poluição do ar, complicações fisiológicas ou o uso de álcool na gestação, infecções virais e exposição ao mercúrio.
O TEA pode ser classificado em três grupos, cujas características para identificação tem níveis de comprometimento distintos, são elas:
Autismo Grave: A principal característica do TEA grave é a ausência de sensibilidade à comunicação: o autista grave ignora o seu interlocutor e todos ao redor dele. Ele não interage com ninguém, não apresenta nenhum tipo de afetividade, evita o toque, afago, abraço e, apresenta, em geral, sinais de deficiência mental. Nesses casos, a terapia familiar é indicada para favorecer o tratamento psiquiátrico.
Autismo Moderado ou Clássico: o TEA moderado fala, mas não consegue se expressar com clareza. Ou seja, ele repete falas, padrões, comportamentos, mas não tem um padrão psicológico estável que permita o aprendizado e o desenvolvimento escolar. Os autistas clássicos têm grande dificuldade de interação e de comunicação verbal ou corporal. Eles são centrados si mesmos, evitam o contato visual, não têm muita ligação com o ambiente ou com pessoas ao redor.
Autismo Leve: Anteriormente classificada como Síndrome de Asperger, os portadores do Autismo Leve apresentam as mesmas limitações dos outros grupos, porém, numa medida bastante reduzida. O TEA leve é comunicativo, inteligente e consegue se socializar, ainda que aglomeração de pessoas também o incomode. Porém, ele também pode apresentar caracteres que exigem acompanhamento contínuo, mas ele consegue levar uma vida normal: muitos se casam, têm filhos, mantêm uma vida social tranquila, estudam e fazem carreira profissional.
Em todas as etapas da vida, o TEA apresenta características marcantes e que auxilia na identificação diagnóstica. A percepção desses elementos tipicamente autistas é fundamental ao direcionamento da intervenção terapêutica. Algumas dessas características são:
· maior sensibilidade dos sentidos: visão, audição, tato e paladar excessivamente sensíveis;
· crises excessivas de raiva, acompanhada ou não de agressividade;
· não responde a contato visual, gestos corporais ou sorrisos;
· apresenta hiperatividade ou é muito passivo e isolado;
· executa constantes movimentos corporais repetitivos;
· baixa capacidade de concentração ou de atenção;
· foco em um único assunto ou atividade;
· não participa de jogos interativos;
· não aceita mudança na rotina;
· dificuldade para fazer amigos;
· demonstra falta de empatia;
· apego anormal aos objetos;
· isolamento social.
Há algumas décadas, a maioria dos portadores de TEA recebia tratamento interno e isolado em instituições psiquiátricas, devido à falta de conhecimento sobre o autismo. Hoje, porém, existem diversos meios que possibilitam a integração do portador de TEA na sociedade.
Por meio de um tratamento eficaz, muitos dos sintomas do autismo podem ser reduzidos. Priorizar ações que fomentem a inclusão social dos portadores de autismo deve ser um propósito bem definido e envolver não só a família, como também a escola e a sociedade. Porém, a responsabilidade dos pais nesse papel é determinante, já que a verdadeira inclusão precisa começar em casa.
Mas infelizmente, muitos pais ainda têm dificuldade para admitir que seus filhos precisam de um suporte especializado. Porém, essas atitudes precisam ser repensadas, já que a negação do problema não muda o diagnóstico. Pelo contrário, uma avaliação tardia dificulta a recuperação dos sintomas e retarda o desenvolvimento infantil.
Quando conscientes da importância de seu papel, os familiares ou responsáveis pelos autistas buscam ajuda e lutam cada vez mais pelos processos de inclusão. Adotar essa postura é fundamental ao empoderamento das pessoas com autismo. Mais do que isso: minimiza os impactos do preconceito que, muitas vezes, resulta da falta de conhecimento sobre esse transtorno.
A intervenção terapêutica possibilita melhoria considerável nas habilidades sociais e comunicativas dos portadores de TEA. A recomendação é que o tratamento seja realizado nos pacientes ainda crianças. O suporte de uma equipe multiprofissional experiente é primordial para direcionar a atenção às necessidades específicas de cada criança.
Tanto as avaliações como as intervenções psicoterapêuticas precisam ser individuais. Contudo há terapias que podem ser feitas em grupo para incentivar a socialização da criança.
Além do foco no acompanhamento emocional, o suporte pedagógico e o aprimoramento da fala são cruciais. O quanto antes iniciarem as intervenções, maiores serão as chances de recuperação dos sintomas do autismo.
Uma das medidas mais relevantes para despertar atenção sobre a importância de saber conviver com os autistas é a criação da campanha Abril Azul.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela (ONU), em 2007, com o intuito de alertar a população em geral e os governos sobre este transtorno, que afeta 70 milhões de pessoas no mundo, ajudando a derrubar preconceitos e esclarecendo como lidar com os autistas.
No Brasil, o Dia Mundial do Autismo é celebrado com palestras e eventos públicos que acontecem em várias cidades brasileiras. Nesta data, vários pontos turísticos do país são iluminados de azul, cor que simboliza o transtorno.
Aprender a respeitar e entender uma pessoa com TEA é um passo fundamental para que a sociedade seja mais receptiva com as pessoas portadoras desse transtorno. Vamos todo juntos lutar por essa causa tão importante.
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