O útero é revestido por um tipo de tecido que é afetado diretamente pelos hormônios liberados no organismo feminino, engrossando sua espessura no período menstrual e sendo expelido do corpo durante o ciclo da mulher. Esse tecido é conhecido como endométrio.
Dr. Francis Helber Possari Juliano (CRM 116812) médico cirurgião ginecológico, explica que o endométrio é o que permite que o óvulo se instale ali para que possa ser fecundado pelo espermatozoide, gerando a gravidez. Porém, quando esse tecido cresce fora do útero, por exemplo nos ovários ou no intestino, a paciente é diagnosticada com endometriose.
Considerada uma das principais causas de infertilidade feminina da atualidade, a endometriose atinge cerca de 30% a 50% das mulheres e acomete mais de 176 milhões de mulheres no mundo, chegando a afetar cerca de 10% da população feminina brasileira, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além dos fatores genéticos envolvidos, acredita-se que o padrão de vida feminino atual, como gravidez tardia, menor número de filhos e maior nível de estresse diário, pode influenciar o surgimento da doença.
De acordo com Dr. Francis, essa condição recebe mais diagnósticos após a mulher completar 20 anos de idade, mas o tecido uterino pode crescer fora do local correto antes mesmo que a menina tenha sua primeira menstruação.
Mas, como saber que é endometriose? Os principais sintomas da doença são:
- Cólicas muito fortes com dores abdominais;
– Sangramentos intestinais e urinários durante a menstruação;
– Fluxo menstrual intenso e irregular;
– Dor intensa durante as relações sexuais;
– Fadiga e cansaço;
– Infertilidade ou dificuldade maior para engravidar;
– Diarreia.
Segundo Dr. Francis, a endometriose pode ser de vários tipos, variando de acordo com as características morfológicas das lesões, sendo elas:
· Endometriose peritoneal superficial: presença de tecido endometrial de forma superficial sobre a região do peritônio. As lesões possuem menos do que 0,5 centímetro de profundidade, sendo o tipo mais comum da doença.
· Endometriose de ovário ou endometrioma: Endometriomas são cistos localizados nos ovários e podem estar associados à endometriose profunda.
· Endometriose profunda: presença de implantes de tecido endometrial em uma profundidade superior à 0,5 centímetro. Atingem, principalmente, a região atrás do útero e no intestino.
A endometriose é multifatorial. Por isso, é muito comum que a paciente desenvolva mais de um tipo.
Outra classificação utilizada é a definida pela American Society of Reproductive Medicine (ASRM). Ela qualifica a endometriose em 4 estágios, de acordo o tamanho, a profundidade e a localização das lesões.
estágio I: endometriose mínima (implantes isolados e sem aderências);
estágio II: endometriose leve (implantes superficiais com menos de 5 cm e sem aderências);
estágio III: endometriose moderada (presença de múltiplos implantes e de aderências evidentes);
estágio IV: endometriose grave (múltiplos implantes superficiais e profundos e aderências densas e firmes).
A endometriose é uma condição crônica, e não tem cura estabelecida até agora! A doença costuma somente parar de demonstrar seus sintomas depois da menopausa, quando há um declínio nos hormônios femininos que lidam diretamente com o endométrio.
De qualquer forma, sempre é melhor procurar um médico para que ele possa oferecer um diagnóstico de acordo com os sintomas que cada paciente descreve, que pode ou não se tratar da endometriose.
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